"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Apenas Leia


Nem eu aguento mais minhas listas. Ia fazer a de livros da década, mas com literatura é diferente. Por motivos óbvios, leio muito mais os clássicos do que os contemporâneos, ainda mais agora que estou numa fase de releituras muito proveitosas.

Dos autores atuais, o melhor disparado é Ian McEwan. E o melhor romance da década, Reparação. Um romance esplêndido, em que o autor mostra sua mestria narrativa, em um jogo metalinguístico, grandes personagens, excelência na utilização de foco narrativo, e um final de tirar o fôlego. Este livro acabou me abrindo as portas para McEwan e recomendo igualmente Na Praia e Sábado, este último, sobre um cirurgião bem sucedido, trata, entre outras questões, sobre a paranoia anti-terrorista que o mundo adquiriu ainda mais depois do 11/set.

O Passado, do argentino Alan Pauls, foi outro grande romance recente que gostei. Do Saramago, o que mais gostei da década foi As Intermitências da Morte. Não dá pra comparar com suas obras antigas, ainda assim me agradou. O mesmo acontece com Memórias de minhas putas tristes, do Garcia Marquez, outro bom romance.

Dos nacionais fiquei realmente impressionado com O Filho Eterno, de Cristovão Tezza. Merece os elogios e prêmios que vem recebendo. O Chico Buarque letrista de música – esse sim genial - é infinitamente superior ao Chico romancista, mas Budapeste é um livro muito bom, em sua ambiguidade e crítica às celebridades repentinas. Rubem Fonseca segue lançando bons livros, mesmo que sem o impacto de outrora, fiquei impressionado com a boa recepção dos alunos a O Seminarista, que acabou chamando atenção para suas outras obras. Não li Pornopopéia, de Reinaldo Moraes, mas os poucos trechos com que tive contato me agradaram bastante. Dos jovens autores, gostei bastante de um livro chamado De cabeça baixa, de Flávio Izhaki e de alguma coisa do Santiago Nazarian. Ainda tenho que ler os romances do João Paulo Cuenca, que admiro como cronista.

E, por fim, as biografias. A dos Beatles, do Bob Spitz, recomendo até a quem acha que já sabe tudo sobre a banda. Minha vida dentro e fora do rock, sobre Bill Grahan é excelente, principalmente pra quem se interessa pelo mundo da música em seus bastidores. Conversas com Woody Allen, como o nome já diz, um livro de entrevistas, é fundamental pra quem se interessa pelo processo criativo do nosso amigo Allen. E João Saldanha: minha vida em jogo me agradou bastante, o capítulo específico sobre o Botafogo foi de sentir orgulho imenso por uma época que não vivi e por ter um sujeito como Saldanha como torcedor/treinador, parte importante da história do clube!

Reparação, grande romance do melhor autor contemporâneo

Por Ricardo Pereira

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