"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Uma banda e uma canção: The Rapture com “How Deep is Your Love?”

Lançado no segundo semestre de 2011, “In The Grace of Your Love”, terceiro álbum cheio da banda americana The Rapture – eles lançaram um mini álbum e um EP antes do primeiro disco, de 2003 –, dá continuidade à linha “disco/punk/quase eletrônico” traçada pelo grupo ao longo da carreira. Uma das faixas do CD, “How Deep Is Your Love?” – 10ª –, mostra o atual trio ainda mais voltado à pista de dança, mas sem perder aquela crueza que só o rock é capaz de transformar em qualidade. Os quase seis minutos e meio da canção, algo que poderia ser definido como “Gang of Four tocando no Studio 54”, não deixam dúvidas quanto ao poder de apelo da música não apenas em relação aos iniciados, mas a qualquer que seja o público. Pianinhos com cara de dance music careta, bateria marcando o ritmo, ruídos que precedem um baixo “de mentira” delicioso e a voz esganiçada do vocalista e guitarrista da banda, Luke Jenner, contando uma historinha manjada sobre ser salvo pelo amor de alguém. Nem parece grande coisa, certo? Mas é. Uma pequena grande coisa. E é assim, sem estardalhaço e qualquer resquício de grandiosidade fake, que o conjunto vai criando climas ao longo da faixa. Um quase refrão que entoa “Let me hear that song” marca as subidas e descidas da música, até que, quando a canção chega à metade, uma paradinha estratégica e um sax punk nocauteiam até o mais desanimado dos ouvintes: é hora de dançar, pogar, pular ou pelo menos mexer os pés, pensando: que vontade de dançar desgraçada!
“How Deep Is Your Love?” é uma canção para fazer passinhos desengonçados com um grupo de amigos, bêbado, em alguma balada cheia de gente blasé; também pode ser usada numa entrada triunfal de alguma pista de dança – com um resultado possivelmente brega e/ou vergonhoso. É uma música para não se levar a sério. É para dançar.
Não se engane: o nome disso é rock.



Por Hugo Oliveira

4 comentários:

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  2. Gostei não, cara, texto melhor do que a música. Mas entendo sua empolgação enquanto DJ, acho que nada me faria sentir "vontade desgraçada de dançar"... Rock pra mim é outra coisa...

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  3. Pois é, mano: rock pra mim é essa outra coisa que você sugeriu... E a que eu citei. Juntas, de preferência. De qualquer forma, não escolhi a música como DJ. Escolhi como fã de música. Mas é assim mesmo, cara. Cada um na sua, concordando ou discordando! Abraços!

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  4. Dito isso, posso esperar te encontra dia 27 de janeiro no Circo Voador, certo?

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