"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

sábado, 16 de janeiro de 2016

A Visita

A Visita (2015), filme mais recente de M. Night Shyamalan, é mais um argumento de peso contra aqueles que insistem em desqualificar o diretor e suas obras.  Brincando com a ideia de a película ser um documentário amador, gravado por dois pré-adolescentes que vão passar uma semana na casa dos avós que nunca chegaram a conhecer, Shyamalan oferece ao espectador um filme de suspense poderoso, redondo, que não faz concessões à inclusão de cenas fortes e até mesmo da utilização do bom humor em algumas passagens.

Becca – Olivia DeJonge – e Tyler – Ed Oxenbould – são irmãos que vivem com a mãe recém-divorciada – Kathryn Hahn. Entendendo que ela precisa de um tempo com o novo namorado, eles decidem visitar os avós maternos que, por conta de uma briga com a filha antes mesmo de eles nascerem, não chegaram a conhecer os netos. Enquanto a mãe vai para um cruzeiro no Caribe junto com seu parceiro, os jovens seguem para o estado de Pensilvânia, Estados Unidos, numa verdadeira visita ao passado.

Becca aproveita a ocasião para gravar um documentário sobre o encontro com os avós. Mais do que eternizar o momento, ela quer tentar provar à mãe que a briga entre eles já foi esquecida. E então, entre um vídeo e outro, o espectador começa a entender que a ideia de redenção também serve como um dos fios condutores da obra. Os principais personagens de A Visita têm contas a acertar com o passado, seja ele recente ou distante.

A estadia dos pré-adolescentes na casa dos avós é acrescida de guloseimas, rememorações e alguns detalhes bizarros.  A contagem dos dias segue num crescendo de tensão e imprevisibilidade, mesmo que outras informações deem conta de que tudo segue em perfeita normalidade. De perto ninguém é normal, certo?

O mistério continua até o final do filme, numa sequência de acontecimentos tão poderosa quanto brutal, pontuada por uma trilha sonora desconcertante – e perfeita para a cena. Becca produz o documentário, Tyler dá seguimento à carreira de rapper – prepare-se para chorar de rir – e ambos conhecem os avós. Se algo deu errado no meio do caminho, são coisas da vida. Ou da morte.



Por Hugo Oliveira


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